Oito em cada dez brasileiros têm portas abertas para estudar, trabalhar e morar no Canadá
Taxa de aprovação de vistos de estudo solicitados no Brasil supera média mundial. Metade dos novos residentes permanentes em 2024 poderão ser estudantes internacionais formados no país
Fazer um intercâmbio de estudo e trabalho no Canadá é uma das principais portas de entrada para imigrar – metade das novas residências permanentes até 2024 poderão ser concedidas a estudantes que se formaram no país, segundo o governo canadense. O primeiro passo desse caminho para morar no Canadá é obter a permissão para ingressar em uma instituição de nível superior. Neste quesito, o Brasil se destaca: 80% dos pedidos desse tipo de visto têm resposta positiva, taxa de aprovação superior à média mundial de 60%.
Os números integram análise feita pela HiBonjour com base em estatísticas do IRCC (Immigration, Refugees and Citizenship Canada), órgão de imigração do Canadá. Para orientar quem tem planos de sair do Brasil para estudar, trabalhar e morar no país, a HiBonjour promove, de 13 a 28 de setembro, o Canadá Roadshow, que passará por 12 cidades brasileiras para apresentar programas disponibilizados em 28 colleges, universidades e escolas de idiomas canadenses. Com inscrições a R$20, todo o valor arrecado será doado para projetos sociais no Brasil.
A análise indica que a taxa de aprovação de vistos para brasileiros em 2021 (80%), que sofreu queda causada pela pandemia em 2020 (61%), recuperou o patamar de 2019 (83%). Em todo o período analisado, o Brasil sempre se manteve à frente das médias globais (60%, 51% e 60% nos três anos, respectivamente).
“O Canadá oferece inúmeros benefícios para estudantes internacionais, como a possibilidade de levar a família e de, ao término dos estudos, obter visto de trabalho temporário para continuar no país, que é o grande passo para a residência permanente”, Thaís Della Nina, Fundadora da HiBonjour.
Os programas de estudo em colleges públicos do Canadá – que podem durar de oito meses a dois anos – garantem ao estudante permissão para trabalhar em meio período durante o curso. Além disso, o cônjuge pode trabalhar em tempo integral para garantir renda em dólares para a família e os filhos menores têm acesso a escolas públicas gratuitas, da Educação Infantil ao Ensino Médio. A saúde pública também é acessível na maioria das províncias.
O grande atalho para a imigração é o Post-Graduation Work Permit (PGWP), a permissão concedida ao estudante para permanecer no país trabalhando por até três anos após a graduação. A formação acadêmica e a experiência de trabalho canadenses, além da fluência em inglês ou francês, contam pontos no Express Entry, sistema online do governo que classifica os candidatos a imigrantes.
“Quanto maior a duração do curso, maior o tempo de PGWP. Quem faz um programa de dois anos em um college geralmente obtém o PGWP de três anos, totalizando cinco anos em solo canadense, tempo que costuma ser suficiente para obter a residência permanente”, explica Thaís Della Nina.
Três quartos dos portadores de PGWP conseguem imigrar em até cinco anos
Dentro desse prazo, segundo o IRCC, 75% dos portadores de PGWP se tornam residentes permanentes no Canadá. Em muitos casos, o objetivo é alcançado em tempo ainda menor. Em julho de 2019, Joel Alves Lima e a mulher, Bruna Pereira Lima, ambos de 35 anos, trocaram Campinas (SP) por Calgary, na província canadense de Alberta. Joel cursou programa de dois anos de Business Administration no Bow Valley College, e, em seguida, obteve o PGWP. Em fevereiro deste ano, o casal havia conquistado a residência permanente.
“Começamos do zero e não tivemos medo. Trabalhamos como garçom e babá, mas sabíamos que era só o início de algo grande”, conta Bruna. No Brasil, ela e Joel tinham empregos bons e estáveis na área de vendas. No Canadá, tiveram oportunidade de se tornar residentes permanentes através de um entre os mais de 70 programas de imigração do país, garantindo pontos principalmente com o trabalho de Bruna como babá. “Fiquei nesse trabalho até engravidar”, conta a mãe do pequeno Joshua, 1 ano. Atualmente, o casal se dedica integralmente a seus canais digitais no YouTube e no Instagram (@twocanada), onde mostra a “vida real de imigrantes no Canadá”.
A estratégia de combinar estudo e trabalho também foi adotada pela pernambucana Camila Ferreira, 31, que foi há cinco anos para Toronto, Ontário, com o marido, Israel Dias, 33. O casal se tornou residente permanente em 2020. Ao chegar no Canadá, ela cursou um programa de um ano em Marketing no Centennial College, além de ter trabalhado como repositora de supermercado e assistente de eventos. Ele entrou no mercado de trabalho como analista de TI, além de atuar como motorista de Uber.
Hoje, Camila é consultora educacional e Israel, analista de cyber segurança de TI em um banco canadense. “Por conta do poder de compra no Canadá, vivemos num padrão de vida significativamente melhor do que vivíamos no Brasil”, diz ela, que também mantém um perfil no Instagram em que dá dicas sobre estudo no Canadá (@canadacomcamila).
Outro exemplo é o da advogada Paula Affonso de 39 anos, que imigrou para o Canadá com o marido, José Arlan, 42, também advogado, o caçula Davi, 8, e os gêmeos Jabes e Carolina, 18. A família chegou em agosto de 2018 na cidade de London, em Ontário, para Paula cursar um programa de dois anos em Business Marketing no Fanshawe College. Em dezembro de 2021, conquistaram a residência permanente. “Eu ganhava muito bem no Brasil, mas ter filhos lá é muito caro. Você paga escola, plano de saúde, esporte… Aqui o dinheiro vale muito mais”, afirma ela, que se tornou consultora educacional e empresária no Canadá, desenvolvendo negócios através de seu canal no Instagram (@paulanocanada).
Novo plano de imigração priorizará estudantes internacionais formados no Canadá
O Plano de Imigração 2022-2024 do governo canadense apresenta uma das metas mais ambiciosas da história do país. No ano passado, mais de 405.000 pessoas de várias nacionalidades receberam a residência permanente, maior número já concedido pelo Canadá em um único ano. A ideia é, em 2022, aumentar essa quantidade para 431.645. Em 2023 serão 447.055 e, em 2024, 451.000.
Segundo a análise da HiBonjour nas estatísticas do IRCC, quase a metade das vagas serão destinadas às modalidades de imigração mais utilizadas por estudantes internacionais recém-graduados. “Uma das prioridades do Canadá é atrair e reter essas pessoas no mercado de trabalho local”, afirma Thaís Della Nina. Em alguns desses programas de imigração, da esfera federal, o número de vagas nas quais estudantes internacionais se encaixam irá saltar de 55.900 em 2020 para 111.500 em 2024. Já em programas provinciais, o número passará de 83.500 em 2022 para 93. 000 em 2024.
A população de estudantes internacionais no Canadá se recuperou de forma significativa em 2021, com aumento de 17% sobre 2020 – precisamente o percentual de declínio causado pela pandemia. Segundo o IRCC, 621.565 residentes temporários com visto de estudo estavam no Canadá, ao final de 2021, cursando programas de pelo menos seis meses de duração. A quantidade é quase a mesma de antes da pandemia, em 2019, quando havia 638.380 estudantes em solo canadense.
Valor arrecado no Canadá Roadshow irá para projetos sociais brasileiros
Além de consultores de educação, visto e imigração, o Canadá Roadshow terá a presença dos influenciadores digitais Joel, Camila e Paula. Três grandes feiras com 28 instituições de ensino canadenses acontecerão em São Paulo (28/09), Recife (24/09) e Salvador (25/09). Outras nove cidades receberão palestras especiais com orientações sobre como planejar os estudos e a imigração para o Canadá: Ribeirão Preto (13/09), Campinas (15/09), São Carlos (19/09) e São José dos Campos (22/09), em São Paulo, além de Curitiba (15/09), Florianópolis (20/09), Manaus (22/09), Fortaleza (22/09) e Goiânia (27/09).
A inscrição para o evento custa R$20 e todo o valor arrecadado será doado para três instituições sociais: o Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer de Pernambuco (GAC-PE), o Hospital Martagão Gesteira, instituição filantrópica que atende crianças e adolescentes em Salvador, e a Judá Escola de Jiu Jitsu, projeto social de Camaragibe (PE).
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